quinta-feira, agosto 13, 2009

Como foi o Contrabando da Amizade:Lírica forcalhense

Maria Olívia Teixeira faz nos chegar mais um texto poético que nos fala como foi a Caminhada Nocturna " Contrabando da Amizade", realizada no Domingo passado.



“Una Mirada”



Era ontem, mas foi hoje.
Saímos às 21.30,
Quem está?
Quem fica, para trás?
Primeiras recomendações,
Foram na praça.
Caminhar.
Cortar a escuridão,
De noite como breu,
Valiam as lanternas,
Pernas frescas,
Que ligeiras.
Que pressa,
Era andar.
A noite estava,
Como breu, amena,
Mas que escuridão.
Cuidado, cuidado,
Era caminho,
Mas com cancelas,
Abrir, fechar.
Atenção.
Já se ouvem vozes,
Quem são?
São os das Casilhas?
Os da Lageosa?

Sim, parecem.

Cada vez mais,
Sim são eles.
São tantos,
Tanta gente.
Mas não vemos,
Agora é caminhar.
Juntos.
Falamos, falamos.
E as caras?

A comunicação é:
Ouvido e voz, percepção.
Sensações novas.
Não há corpo,
Não se vê.
A materialidade/desmaterializada.

Conversa, conversa.
Quem sois? De onde vindes?
Da Lageosa? Dos Forcalhos?
Ouvem-se cânticos.
Começa a surgir,
A luz,
Ao fundo,
A luz ilumina.
Mas também esconde.
Já se vêem,
São do Ligário.
Estamos a chegar,
Chegando,
Chegámos.
Tanta gente.
Cada cara um sorriso,
Olha-se descobrindo,
A gente.
Agora sim,
Aparecem as caras, os corpos,
Falamos, falamos.
Toda a gente fala,
Discursos,
Prendas (café, forcão, histórias)
Próximo ano.
O Ligário emociona-se,
São noventa e dois anos,
A sensibilidade desenvolve-se.
Segue o comes,
Segue o bebes,
Segue o baile,
Hoooder, como bailam os portugueses!
Alguns forcalhenses,
Apressados.
Vamos embora, vamos embora.

MUDOU O CENÁRIO,
Há luz, luar, lua.
Caminho largo,
Sem lanternas,
Caminha-se.
Cada um por si,
Acabou.
Mostram-se as ilusões,
Ovelhas tresmalhadas,
Não há grupo.
Os outros?
Não interessa.
Nós relembramos,
Os outros?
Ausentes, mas presentes.
Observamos,
Estamos a chegar,
Boa noite, até amanhã.

Autor: Maria Olívia Teixeira
Imagem: Maria Olívia Teixeira







fdmc/08/09

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