sexta-feira, maio 11, 2007

Do Arco da Velha...

Estória de Contrabando...


Nos tempos do Contrabando, andava um Guarda Fiscal emboscado, atento a qualquer movimentação suspeita, quando avistou ao longe, já perto da Ermida da Nª Sª da Consolação, um grupo de homens que se deslocava de bicicleta, todos transportando às costas um saco volumoso, em direcção à Raia. Certo de que se tratava de mercadoria ilegal, o agente dirigiu-se em direcção dos supostos contrabandistas, bradando em altos berros palavras de ordem que ninguém parecia entender. No seu encalço, o guarda atirara várias vezes para o ar de forma a intimidar e deter os homens já em fuga. Resultou que um dos foragidos ( o narrador anónimo que nos legou esta história) se deixou prender, pelo que teve de enfrentar o interrogatório do guarda ameaçador.

- Ó ti Zé? Então pá? Que traz aí neste saco…Mostre lá a ver… -
Qual não foi o espanto do Guarda, quando este verificou que o “ contrabandista” só trazia um saco cheio de terra. Após uma busca minuciosa no referido saco, verificou o Guarda que o pobre homem não transportava nada de ilegal que pudesse ser transaccionado em Espanha. Embora duvidoso , e não tendo provas para deter o suspeita, o Guarda deixou o pseudo-contrabandista seguir caminho.

Na semana seguinte, o mesmo “ contrabandista “ é novamente interceptado, em cima da bicicleta com um enorme saco às costas também cheio de terra, pelo mesmo Guarda ( cuja identidade não iremos revelar em consideração ao bom nome da sua família). Acontece que o contrabandista não tinha nada a declarar nem transportava à primeira vista, qualquer mercadoria ilegal. Foi obrigado a deixar o homem seguir a sua vida.


Passado um mês, no mercado de Alfaiates, os dois homens encontraram-se casualmente. Curioso, o Guarda Fiscal , já sem farda, abordou o “ contrabandista” perguntando-lhe qual era a mercadoria que eles transportavam naqueles dias, convencido de que se tratava de contrabando. Mas o nosso Zé recusou prestar qualquer tipo de declaração, insistindo que era inocente e que não estava a fazer mal nenhum. O desejo forte de saber e a curiosidade mais do que aguçada, obrigaram o Guarda a prometer-lhe que não lhe iria fazer nada, caso lhe contasse a que tipo de negócio escuro o homem se estava a dedicar:
- Ande lá Ti Zé…essa história já passou… conte-me lá que o é que você andava a passar…juro-lhe que nada lhe acontecerá…
Perante a insistência do Guarda e confiando nas suas últimas palavras proferidas ( naqueles tempos ainda havia homens de palavras…um certo tipo de código de honra!) o contrabandista resolveu responder:
- Ó Sr. Guarda! Já que quer saber e não nos vai acontecer nada…olhe…naquele dia nós estávamos a " passar" bicicletas…negócio altamente rentável…e tudo correu sobre rodas!”

Qualquer coincidência com a realidade é pura ficção.

fdmc/2007

2 comentários:

O Forcalhense disse...

Contava meu saúdoso pai que uma vez a guarda fiscal confiscou a umas conterrâneas batatas que levavam para Espanha, obrigando-as a ir colocar a carga no quartel.
Quando passavam no "corro", seguindo os guardas, meu pai aparcebeu-se da situação e foi por trás delas e recuperou dois "talegos", que depois lhes devolveu...

Anónimo disse...

depois o guarda e o contrabandista foram buer um copo juntos